Conheça a Igreja Santa Isabel da Hungria de Caxambu – MG
Igreja Santa Isabel de Hungria em Caxambu, tombada pela patrimônio histórico e artístico de Minas Gerais, teve sua construção iniciada em 1868, em estilo gótico e foi inaugurada em 19 de novembro de 1897. Foi construída a mando da Princesa Isabel por gratidão à cura de sua suposta esterilidade, por conta de sua profunda anemia, com água férrea da fonte que hoje tem o seu nome.
A igreja encontra-se aberta de 8h às 11h. O acesso se dá pela rua Américo Macedo, subindo a escadaria ou pela rua Monsenhor João de Deus.
Igreja mais famosa de Caxambu é a de Sta Isabel de Hungria que foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). Sua arquitetura segue o estilo gótico, característico da tendência seguida nos últimos decênios do século XIX, Seu interior é simples. A construção foi iniciada em 1868 a mando da princesa Isabel, em agradecimento ao bem-estar proporcionado pelas águas da cidade. Através das águas ferruginosas da fonte, hoje denominada “Princesa Isabel e Conde D’Eu, a princesa se curou de sua anemia e engravidou. A igreja foi consagrada apenas no ano de 1897, quando a família imperial já se encontrava no exílio. Nesta Igreja, tombada pelo IEPHA, destaca-se um altar feito em madeira trabalhada, onde fica a imagem de Santa Isabel de Hungria.
No dia 18 de Novembro de 1868, em suas orações, fazia a princesa Isabel aquela promessa que se tornaria histórica … se conseguisse a concepção de um herdeiro, faria construir uma Igreja sob a invocação de Santa Isabel de Hungria. No dia 22, na parte da tarde, no alto da colina onde se localizava o cruzeiro ali plantado em 3 de maio de 1862, com a presença de grande número de pessoas, fez S. A. o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja de Santa Isabel de Hungria. Diz o livro do Tombo da paróquia de Baependy, que este ato foi oficiado pelo Revmo. Pároco Mons. Dr Luiz Pereira Gonçalves de Araújo e tendo como ajudante o Rev. Pe. Capelão João Pires de Amorim, acolitados pelo então seminarista Marcos Pereira Gomes Nogueira.
Vejamos a ata dessa solenidade:
“Aos vinte e dois dias do mês de novembro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e sessenta e oito (1868) na Povoação das Águas de Caxambu, Cidade de Baependy, Bispado de Mariana Provícia de Minas Gerais do Império do Brasil, no reinado de Muito Alto e Poderoso Senhor Dom Pedro Segundo e no Bispado do Excelentíssimo Senhor Conde da Conceição Dom Antônio Ferreira Viçoso, na presença da Câmara Municipal da mesma cidade de Baependy, sua Alteza Imperial, a Sereníssima Senhora Princesa D. Isabel Condessa d’Eu acompanhada de seu Augusto Esposo, o Sereníssimo Senhor Príncipe Dom Luiz Filipe Gastão de Orleans Conde d’Eu, e outros dignou-se lançar solenemente a pedra fundamental para a edificação de uma Igreja com a invocação de Santa Isabel de Hungria, solenidade esta a que se procedeu sendo a pedra benta segundo cerimônia marcada pela Igreja, oficiando o Reverendo Senhor Monsenhor Luiz Pereira Gonçalves de Araújo e conduzida processionalmente até o lugar competente onde foi colocada por sua Alteza Imperial, no sítio em que deve ser levantado o alicerce da referida Igreja.
E eu Alexandre Manoel Vieira de Carvalho visconde de Lages Grande do Império veador de sua Majestade a Imperatriz no serviço de Suas Altesas Imperiais, lavrei este têrmo em duplicata o qual sendo assinado pelas pessoas de sua Altesa Imperial indicou, será contido com as moedas e jornais da presente época na caixa colocada da pedra fundamental ad perpétuam rei memoriam sendo o outro autógrafo remetido para os arquivos da Câmara Municipal da Cidade de Baependy”.
Ass. Visconde de Lages Isabel Princesa Condessa d’Eu Gastão de Orleans. Mons. Luiz Pereira Gonçalves de Araújo vigário da Vara, José Pedro Américo de Matos, (comendador), o Capelão de SS. AA. Imperiais Padre João Pires de Amorim, Jonas Inácio de Carvalho, Antonio José Gomes de Carvalho, Dr. Manoel Joaquim Pereira de Magalhães, Major Teófilo José de Andrade, José Ruiz Pinheiro, Francisco e Paula S… Antônio Máximo Ribeiro da Luz (Juiz de Direito), Antonio Carlos Carneiro Viriato Catão (Juiz Municipal), Antonio Torquato Fortes Junqueira (Promotor Público), Luiz Antonio de Oliveira (Comandante Superior), Carlos Teodoro de Bustamante, Visconde de Lages, Cons. Luíz de C. Feio, Major Hilário Mariano da Silva, servindo de mordomo de SS. AA.
Nota: O documento acima encontra-se em perfeito estado de conservação, conf. décimo quinto Anuário da Diocese da Campanha. Pág. 23 Publicado em 1953.
ATA DA PRIMEIRA SESSÃO DOS MEMBROS DA IRMANDADE DE Sta. ISABEL DA HUNGRIA SOB A PRESIDÊNCIA DE S. A. O CONDE D’EU.
Aos vinte e nove dias de novembro de mil oitocentos e sessenta e oito achando-se presentes os membros da mesa, provedor Tte. Cel. João Evangelista de Souza Guerra, vice-provedor Aferes José Pedro Américo de Matos, tesoureiro Dr. Carlos Teodoro Bustamante, procurador Francisco Viotti, administrador José Luiz da Silva Prado, secretário Antonio Torquato Fortes Junqueira, disse S. A. o senhor Conde d’Eu que convocava aquela reunião a fim de tratar do compromisso da Irmandade e tomar-se algumas providências a respeito do andamento das obras da igreja e depois de algumas observações dos membros da mesa deliberou-se, que se oficiasse ao Mons. Dr. Luiz Pereira Gonçalves de Araújo pedindo que se incumbisse de formular o compromisso, ficando este sujeito à aprovação dos membros da mesa.
Deliberou-se igualmente que ficasse esta mesma mesa nomeada por S. A. senhor Conde d’Eu até ser aprovado o compromisso pelos poderes competentes. Por indicação do Sr. Dr. Carlos decidiu-se que nenhuma festa se faria antes de estar o templo concluído ou pelo menos em estado que pudesse servir para celebrar-se Missa. Por indicação do senhor Guerra decidiu-se que as jóias que os membros da Irmandade e empregados concorressem fossem empregadas na construção do templo. Resolveu-se igualmente que o tesoureiro Sr. Dr. Carlos ficasse incumbido de mandar vir já uma máquina de fazer tijolos e que servisse igualmente para fazer telhas francesas, chatas, e que se contratasse um operário que soubesse trabalhar com a dita máquina: e ainda mesmo entendendo-se para esse fim com o Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage para ceder um dos que trabalham em seu estabelecimento até que haja quem saiba trabalhar com a dita máquina.
S. A. o senhor Conde d’Eu ofereceu a considerações da mesa alguns desenhos de templos para servir de modelo ao que já escrevera para a Europa pedindo planos modernos de igreja resolvendo esperar os ditos planos, para depois deliberar-se qual deveria servir na obra projetada: Como porém esta espera não impediria o começar alguns trabalhos preparatórios, deliberou-se que o procurador e o administrador desde já se incumbisssem de contratar pedras e puxá-las para o lugar onde se tem de edificar o templo. Resolveu-se igualmente que se oficiasse as pessoas que já tenham feito uso destas águas pedindo coadjuvação pecuniária para poder-se levar adiante a projetada obra.
Nada mais havendo a tratar S. A. levantou a sessão e eu Antônio Torquato Fortes Junqueira, secretário interino lavrei esta ata que vai assinada por S. A. o senhor Conde d’Eu e membros da mesa.
Ass.- Gastão de Orleans – João Evangelista de Souza Guerra – Carlos Teodoro Bustamante- Francisco Viotti – José Pedro Américo de Matos – José Luiz da Silva Prado.
IGREJA SANTA ISABEL
Como dissemos, após o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja Sta. Isabel em Caxambu, em 22 de novembro de 1868 vontade da Princesa Isabel, foi feita um subscrição que produziu cerca de 4:000$000. Iniciados os trabalhos, não obstante o interesse de seus promotores, não puderam completá-los. Com os acontecimentos políticos que foram se agravando a obra sofreu um interrupção. A Princesa contudo não olvidou o seu nobre empreendimento. Tanto assim que pediu ao seu esposo Conde d’Eu que escrevesse uma carta cujo teor aqui transcrevemos:
Exmo. Sr. Cons.º Joaquim Delphino, Tendo de retirar-me, bem apesar meu, deste país, não quero deixar de mais uma vez recomendar à sua proteção, em nome da Princesa e no meu, a conclusão das obras da Capela de Santa Isabel da Hungria, no arraial de Cachambu, município de Baependy. Estas obras pias projetadas desde seu comêço pela Princesa, teve certo impulso principalmente devido aos esforços de V. E. e de seu ilustre filho o distinto engenheiro Dr. Christiano Ribeiro da Luz. Seria para nós grande satisfação, saber que não fica ela abandonada, mas que marcha para a sua conclusão.
Confiado pois no espírito religioso de V. E. e de seu digno filho e nos sentimentos da amizade que nos tem mostrado, ouso esperar que mais uma vez tomarão em mão este piedoso empreendimento. Aproveito com prazer esta oportunidade para reiterar-lhe a expressão de meus sentimentos de particular consideração e estima.
Ass. Gastão de Orleans. Bordo da Canhoneira “Parnaiba”, Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1889.
É de se notar o afeto, a delicadeza e o sentimento da Redentora num momento crucial de sua vida lembrando-se de Caxambu e de sua promessa. Dois dias depois a Proclamação da República, a bordo da nave que a levaria ao exílio, o Conde d’Eu escrevia a carta transcrita. Seus devotados amigos, tomaram a si o empreendimento. O Cons. Mayrink, pôs toda sua dedicação à obra planejada e levou avante a construção da igreja.